O julgamento que poderá mudar os rumos das eleições municipais no Paraná começa a ser definido a partir de hoje, estendendo-se ao longo da semana, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Quem está no banco dos réus é o senador Sérgio Moro, o outrora superpoderoso juiz da Lava Jato, hoje sendo julgado por supostos crimes contra o sistema eleitoral e que podem levar à cassação do seu mandato, com consequente convocação de nova eleição no estado.
A ação é movida pela federação PT/PV, arquirrival de Sérgio Moro, pelo histórico que ex-juiz tem com a prisão do presidente Lula e de outras figuras exponenciais do partido. Mas, para quem acha que seja um movimento de “esquerdistas” sedentos pela revanche, eis o fato de que o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, também é signatário do mesmo pedido.
Sérgio Moro é acusado de abuso do poder econômico, de uso indevido das redes sociais, caixa 2, além de atentar contra normas de arrecadação e gastos eleitorais na pré-campanha de 2022.
Pelas movimentações internas no Tribunal Regional, cogita-se uma tendência favorável à cassação. Comentários de bastidores chegaram a dizer que, se depender de Lula, os advogados petistas não farão muita força para que Moro seja sacado do mandato ainda este ano. Uma das interpretações é de que o PT do Paraná não está, neste momento, suficientemente maduro para entrar numa disputa, para vencer. O recomendável, agora, seria colocar energia para eleger o aliado Luciano Ducci (PSB) prefeito de Curitiba e sair da eleição municipal com robustez para escalar um degrau superior na disputa por espaço político no Paraná. Outras fontes, contudo, dizem que Lula nunca fez este tipo de comentário.
Por outro lado, Lula já teria mandado um recado que não desejaria no momento a cassação de Moro, pois daria chance da primeira-dama Michelle Bolsonaro se candidatar pelo Paraná e o Senado ganhar mais uma cadeira bolsonarista - e da própria família Bolsonaro. Há rumores que Michelle já teria uma residência fixa com conta em seu nome em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, o que possibilitaria sua candidatura no Estado.
Outros pré-candidatos
No PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do partido, e o deputado federal Zeca Dirceu, ex-líder do partido na Câmara Federal, disponibilizaram seus nomes como pré-candidatos caso ocorra eleição suplementar. Pela direita, além de Michelle Bolsonaro, vêm o deputado federal licenciado Ricardo Barros (PP) e o ex-deputado federal e jornalista Paulo Martins (PL), que ficou em segundo lugar nas eleições para o Senado em 2022 (1.456.652 votos ou 29,10% do total), atrás de Sérgio Moro, eleito com 1.918.667 sufrágios (33,71%).