Na tarde desta sexta-feira (2), em Buenos Aires, capital da Argentina, foi detido Diego Hernan Dirísio, reconhecido como o principal traficante de armas da América Latina. A prisão também envolveu sua esposa, Julieta Nardi Aranda, que estava sendo procurada pela Justiça paraguaia. O casal estava em fuga desde o final de 2023.
Dirísio era o alvo central de uma operação voltada contra um grupo suspeito de fornecer armas para facções no Brasil, tendo entregue cerca de 43 mil armamentos para as principais organizações criminosas do país, incluindo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho. Estima-se que o esquema tenha movimentado aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Apesar de ser cidadão argentino, Dirísio liderava a operação de tráfico a partir do Paraguai.
A captura do contrabandista foi realizada pela Interpol e comunicada ao superintendente da Polícia Federal (PF) na Bahia, delegado Flávio Albergaria, que coordenava a operação desencadeada para desmantelar o esquema de tráfico internacional de armas que abastecia facções no Brasil. A prisão resultou de uma diligência em resposta a uma denúncia anônima recebida pela Divisão de Denúncia de Crimes Federais há alguns dias.
INVESTIGAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL
A investigação da Polícia Federal que levou à descoberta do esquema de tráfico de armas teve início em 2020, quando pistolas e munições foram apreendidas em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. As armas estavam com os números de série raspados, mas, por meio de perícia, a PF conseguiu recuperar as informações e avançar nas investigações.
A apuração indicou que Dirísio adquiria milhares de pistolas, fuzis, rifles, metralhadoras e munições de diversos fabricantes europeus. Por meio de um esquema envolvendo doleiros e empresas fictícias no Paraguai e nos Estados Unidos, ele revendia os arsenais para facções no Brasil. De acordo com a PF, entre novembro de 2019 e maio de 2022, a empresa de Dirísio, a IAS, importou 7.720 pistolas da Croácia.
Além disso, a investigação revelou a compra e venda de 2.056 fuzis da República Tcheca e mais de cinco mil rifles, pistolas e revólveres de fabricantes turcos. Outras 1.200 pistolas foram importadas de uma fábrica na Eslovênia, totalizando quase 17 mil armas.