Na madrugada desta sexta-feira, 05, morreu o humorista, apresentador, ator, escritor e diretor Jô Soares, no hospital Sírio Libanês em São Paulo. O artista estava internado desde o último dia 28 de julho. A causa da morte não foi revelada e segundo familiares, o velório será reservado entre pessoas mais próximas.
De acordo com a Globo, Jô Soares foi internado para tratar uma pneumonia. A ex-mulher dele, Flavia Pedras Soares, foi a primeira a publicar nas redes sociais sobre a morte dele.
"Faleceu há alguns minutos o ator, humorista, diretor e escritor Jô Soares. Nos deixou no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, cercado de amor e cuidados. O funeral será apenas para família e amigos próximos. Assim, aqueles que através dos seus mais de 60 anos de carreira tenham se divertido com seus personagens, repetido seus bordões, sorrido com a inteligência afiada desse vocacionado comediante, celebrem, façam um brinde à sua vida", escreveu ela.
José Eugênio Soares nasceu em 1º de janeiro de 1938, no Rio de Janeiro. Aos 12 anos, se mudou com a família para a Europa, onde cogitou seguir carreira como diplomata. Mas se interessou pelas Artes Cênicas na Suíça e voltou ao Brasil para se tornar artista.
Começou a carreira nos anos 1950, no filme Rei do Movimento (1954), e se destacou no longa O Homem de Sputnik (1959), de Carlos Manga. Estreou na TV em 1958, no programa Noite de Gala, da TV Rio. Escreveu para o TV Mistério, da mesma emissora. Em seguida, colaborou como redator para humorísticos da TV Continental.
Na TV Tupi, fez participações no Grande Teatro Tupi. "Eu consegui trabalhar ao mesmo tempo nas três emissoras que existiam no Rio", declarou ele em depoimento ao site Memória Globo.
Em 1960, foi trabalhar na Record, onde atuou e escreveu para programas como A Família Trapo (1966-1971) e Jô Show. O grande destaque foi em A Família Trapo, em que escrevia o roteiro com Carlos Alberto de Nóbrega. Na atração, Jô interpretou o mordomo Gordon. Ele considerava a atração como "a primeira sitcom que se fez" e "o primeiro grande sucesso nacional da TV".
Em 1970, estreou na Globo com Faça Amor, Não Faça a Guerra, ao lado de Renato Corte Real --ambos eram roteiristas e protagonistas de esquetes de humor. Também teve êxito como ator e redator de Planeta dos Homens (1976-1982) e criou seu próprio programa humorístico, Viva o Gordo (1981-1987).
Na atração, Jô criou personagens que ficaram eternizados na cultura popular brasileira, como Reizinho (monarca de um reino que satirizava o Brasil daquela época), Capitão Gay (um super-herói homossexual, muito estereotipado) e Zé da Galera (que tinha o bordão 'bota ponta, Telê!').
Em 1987, Jô Soares foi para o SBT para estrear seu próprio programa de entrevistas, Jô Soares Onze e Meia. A atração foi ao ar entre 1988 e 1989, com mais de seis mil entrevistas com personalidades brasileiras e internacionais. "No fim do contrato, falei com o Boni, meu amicíssimo... Na época ficou um ódio, claro. Porque falei não [à proposta de renovação com a TV Globo]", confessou Jô ao Memória Globo.
"Acho que descobri, também sem querer, a grande vocação da minha vida, a coisa que me dá mais prazer, mais alegria de fazer. Eu me sinto muito vivo ali. A maior atração do mundo é o bate-papo, a conversa", afirmou ele.
Em 2000, Jô voltou à Globo, dessa vez também como entrevistador, no Programa do Jô. "Não foi por uma questão salarial, porque a contraproposta do SBT era muito alta. Voltei pela possibilidade de fazer mais entrevistas internacionais, pelas facilidades de gravação, pelo apoio do jornalismo", explicou.
A atração fez grande sucesso com entrevistas com famosos e anônimos e alçou Jô Soares ao posto de principal apresentador de talk show do país. O Programa do Jô foi encerrado em 2016, por decisão do próprio apresentador. Em 28 anos de talk shows, ele fez 14.138 entrevistas.
Escritor e diretor
Além da TV, Jô Soares se destacou também no teatro, na imprensa e na literatura. Escreveu crônicas e artigos para os jornais O Globo, Folha de S.Paulo, e para as revistas Manchete e Veja.
Publicou uma coletânea de crônicas e quatro romances, entre eles O Xangô de Baker Street (1995), que esteve na lista de mais vendidos e foi adaptado para o cinema.
No teatro, se destacou em seus monólogos, como Viva o gordo e abaixo o regime! (1978) e Na mira do gordo (2007). Como diretor, comandou os espetáculos Soraia, Posto 2 (1960), Os sete gatinhos (1961), Romeu e Julieta (1969), Frankenstein (2002) e Ricardo III (2006). No cinema, atuou em mais de 20 filmes.
Em 2012, em entrevista ao Fantástico, Jô Soares falou sobre morte. "O medo da morte é um sentimento inútil: você vai morrer mesmo, não adianta ficar com medo. Eu tenho medo de não ser produtivo. Citando meu amigo Chico Anysio (1931-2012), perguntaram para ele: 'Você tem medo de morrer?'. Ele falou: 'Não. Eu tenho pena'. Impecável".
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