Os grandes expositores da literatura e da poesia paranaense, Amarildo Anzolin e Antonio Thadeu Wojciechowski vão tentar, nesta quinta-feira, na Rua Visconde do Rio Branco, 373, às 20h30, a ressureição da poesia do simbolista ou seria pré-modernista Augusto dos Anjos, nascido em 20 de abril de 1884, em Sapé, e falecido em Leopoldina, no dia 12 de novembro de 1914, antes da explosão da gripe espanhola, no final da década.
Seis dias antes de completar 136 anos da passagem pela Terra, durante a gravação do podcast Ilha do Fogo, de Amarildo Anzolin, Thadeu Wojciechowski querem trazer Augusto dos Anjos à vida, sem ajuda de bruxos ou Voldemort, em uma sessão de descarrego verbal, exorcismo intelectual e consagração dos seres.
Por influência direta de Augusto dos Anjos, Amarildo Anzolin e Thadeu Wojciechowski acreditam que o poeta fazedor das tripas o coração, pode continuar aprontando e vitorioso, chamar pelo eterno retorno,
Com ajuda de um copo de Absinto em cada mão vai soltar:
Versos Íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Mas se você ainda não estiver satisfeiro com essa palhinha, veja o que pode sobrar para os seus ouvidos:
Último Número
Hora da minha morte. Hirta, ao meu lado,
A idéia estertorava-se… No fundo
Do meu entendimento moribundo
jazia o último número cansado.
Era de vê-lo, imóvel, resignado,
Tragicamente de si mesmo oriundo,
Fora da sucessão, estranho ao mundo,
Com o reflexo fúnebre do Increado:
Bradei: – Que fazes ainda no meu crânio?
E o último número, atro e subterrâneo,
Parecia dizer-me: “É tarde, amigo!
Pois que a minha ontogênica Grandeza
Nunca vibrou em tua língua presa,
Não te abandono mais! Morro contigo!”
Para combinar com tanta depressão, a garrafa de absinto vai ajudar a compreender o lance livre durante o recital poético e entre uma histórias e outra de bastidores haverá a cozinha a cargo do Pasta di Fiemme, com pratos sempre elaborados, para enfrentar esse mostro de escuridão e rutilância.
Serviço
O podcast tem início às 20h30 desta quinta-feira, 14/4, com entrada franca.
Rua Visconde do Rio Branco, 373 – Mercês